sábado, 8 de maio de 2010

Isso...

Isso (Chico Cesar)
Isso que não ouso dizer o nome
Isso que doi quando você some
Isso que brilha quando você chega
Isso que não sossega que me desprega de mim
Uuuu... iê.
Isso tem de ser assim..
Isso que carrego pelas ruas
Isso que me faz contar as luas
Isso que ofusca o sol
Isso que é você e sou sem fim
Uuuuu.... iê.

Bem, essa é a letra da música Isso, de Chico Cesar, mas pode representar muito bem a nossa aflição com a menstruação e, (pasme!) com o climatério! Sim, porque são temas interligados e, apesar deste blog ter sido criado para conversar sobre climatério e menopausa, a menstruação é o período que antecede a menopausa.

Meu Deus! Talvez isso apareça como uma aberração, pois a menstruação é o período fértil, a vida reprodutiva, que é valorizada, encantada e decantada em nossa sociedade! Gerar. Parir. Criar.

E aí, ca estou a falar do climatério como uma (simples) transição entre a menstruação e a menopausa! O climatério é, em linguagem simplificada, o período de transição até chegar ao fim da menstruação. Enquanto menstruarmos, por mais irregularidades - que é o meu caso - estamos no climatério.

Bem voltemos à letra da música de Chico.
Vamos por parte, então. Menstruação:

Não ouso dizer o nome. Porque sangue e menstruação ainda são tabus em nossa sociedade. É sujo, é feio, incomoda. Não é exatamente o assunto que queremos conversar, discutir numa mesa de bar. O máximo é comentar, cochichando, muito discretamente com a amiga do lado, sobre uma cólica, a solicitação de algum analgésico, o sangramento abundante, a chegada inesperada, o tímido pedido de algum absorvente para a emergência ali posta. Tudo na maior discrição. Ninguém na mesa precisa saber do que se trata.

A publicidade se encarrega de mostrar branco, branco e muitos brancos para vender absorvente. Higiene. Limpeza. O pavor que circunda à menor possibilidade de 'mancha vermelha' - não, não é nenhuma dessas tantas torcidas de time de futebol! - é tão violento na vida das mulheres que recentemente vi mostrada em um comercial (de absorvente) a caricatura de como patrulhamos a nós mesmas nas noites em que estamos menstruadas, para não deixar vazar no lençol, no colchão nenhuma mancha de sangue! Seria cômico se não fosse trágico, pois isso significa anos de sono mal dormidos e uma auto-repressão enorme em relação aos nossos fluidos.

Isso que doi quando você some... segue a canção.
É uma relação de amor e ódio que se estende pelo resto da vida. Sofremos, choramos, esperamos. Convivemos melhor (ou pior) com ela - a menstruação - conforme alguns valores, na minha opinião, vão sendo incorporados em nossas vidas. E, nesse sentido, como digo na página de boas-vindas, o feminismo foi e é para mim, fundamental.

Quando você some, menstruação querida, é o desespero! Porque significa possibilidade de gravidez ou... problemas! Nessa sociedade machista, androcêntrica, onde os homens na maioria das vezes não compartilham da contracepção, engravidar pode ser um suplício e não uma escolha. Claro! Por isso, o eterno dilema, estar ou não estar... menstruada!

Isso tem de ser assim, segue dizendo a canção. É como se fosse um Karma, um destino que temos a cumprir. Dores, sofrimento, tensão, espera. Solidão. Não tem como fugir desse destino. Mas, nós feministas estamos sempre nos rebelando e aí vieram as tantas oficinas sobre auto-exame, colo do útero, prazeres, distensões e novos significados da menstruação.

Isso que carrego pelas ruas, isso que me faz contar as luas. É o ciclo menstrual! O mênstruo que "carregamos" pelas ruas, escondendo de tudo e de tod@s para que ninguém, NINGUÉM! saiba que estamos menstruadas (lembram dos comerciais? Esconda o máximo que puderes!).
Dizem que nos idos anos antigos, as mulheres contavam as luas para planejar os seus ciclos. Cheia. Minguante. Crescente. Nova.

Isso que ofusca o sol...
Praia. Biquini. Tampão. Cuidados, outra vez!! Nada de vazar um milímetro e se acontece é hora de voltar para casa, com a canga escondendo tudo, tudinho!

E o climatério? Onde entra nessa música! Juro que mais tarde com essa mesma letra mostro como ela se aplica toda, todinha ao climatério e à menopausa. Bom sábado!!!

2 comentários:

  1. Excelente idéia, excelente texto.
    PARABÉNS

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  2. Nada ocorreu-me que pudesse deleitar tão nobre assembléia,......................sorry.

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